Gastão Cruz
(Faro, 1941)
Lisboa, 26 Ag. 2008

Meu caro Eduardo Lourenço
Tenho tentado telefonar-lhe, mas nunca obtive resposta, o que é natural, porque deve aproveitar para apanhar o sol algarvio.
Envio-lhe o texto da Maria Alzira, que me pediu, e também o editorial, o meu texto e uma nota biográfica.
Peço-lhe que me diga, se houver algum erro na nota. As datas estão correctas?
Boas férias e um grande abraço do seu amigo
Gastão


P.S. – A revista deve ir para a gráfica na 5.ª feira.
Poeta e crítico literário, Gastão Cruz nasceu em Faro em 1941. Aos 19 anos, publicou A Morte Percutiva no volume colectivo Poesia 61, que reuniu textos de cinco jovens poetas: Fiama Hasse Pais Brandão, Luiza Neto Jorge, Maria Teresa Horta, Casimiro de Brito e Gastão Cruz. Poesia 61 foi um contributo importante para a renovação da linguagem poética portuguesa na década de 1960. Em Lisboa, Gastão Cruz estudou Filologia Germânica na Faculdade de Letras e começou a colaborar em jornais e revistas, entre os quais os Cadernos do Meio-Dia, publicados em Faro, sob a direcção de António Ramos Rosa e Casimiro de Brito. Ainda na universidade, Gastão Cruz foi um dos organizadores da Antologia de Poesia Universitária (1964), publicando poemas de Manuel Alegre, Eduardo Prado Coelho, António Torrado, José Carlos Vasconcelos, Luísa Ducla Soares e Boaventura Sousa Santos, entre outros. O papel de Gastão Cruz na crítica de poesia, e da literatura em geral, ficou evidente nos textos reunidos no livro A Poesia Portuguesa Hoje (1973 e 1999).
Professor do ensino secundário, entre 1980 e 1986 foi leitor de Português na Universidade de Londres (King's College). Ajudou a fundar, e mais tarde dirigiu, o Grupo de Teatro Hoje/Teatro da Graça, onde encenou peças de Crommelynck, Strindberg, Camus e Tchekov. Algumas peças foram, pela primeira vez, traduzidas para português pelo poeta. Começando por uma escrita experimentalista, Gastão Cruz adoptou depois formas clássicas como o soneto e a canção. As suas obras são caracterizadas pela contenção quantitativa e precisão formal, num registo nítido e rigoroso. Frequentemente, a reflexão sobre a poesia e a linguagem é transportada para o interior do próprio poema. Autor de uma obra muito diversa, publicou, entre outros, os seguintes títulos: Campânula (1978); Órgão de Luzes (1981); Transe: Antologia 1960-1990 (1992); As Pedras Negras (1995); Crateras (2000), que recebeu o Prémio D. Dinis; e Rua de Portugal (2002), que foi distinguido com o Grande Prémio de Poesia da APE. Actualmente, Gastão Cruz é presidente da Fundação Luís Miguel Nava e director da revista Relâmpago, por ela editada.