Tempo da Música, Música do Tempo, 2012 Lisboa, Gradiva
“Une musicienne du silence”


“O meu amigo Vergílio não imaginava até que ponto tinha razão quando me julgava incapaz de “falar de música”. Mas também ignorava a que ponto essa “música”, de que não sabia falar, desde sempre “me submergiu como o mar”, como diria Baudelaire.
Na verdade só aos criadores e aos intérpretes de génio – e estamos celebrando um “habitado” por ele num grau raro – poderão falar dessas mágicas tapeçarias de sons onde a nossa temporalidade cruza e descruza os fios do tempo que a tecem e destecem.
É um milagre tão puro como o da invenção desses espaços de transparência e opacidades sonoras que nós chamamos Bach, Mozart, Chopin”
Ms. inédito a ser publicado por Barbara Aniello in Tempo da Música, Música do Tempo (versão completa). Eduardo Lourenço confirmou-lhe tratar-se de uma meditação escrita durante um concerto de Maria João Pires, na Fundação Chagall, na presença do próprio pintor.